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Mais do que tolerar, é preciso valorizar a diversidade

Igor Ferreira


Nos últimos anos, um mesmo fenômeno tem sido observado em diferentes locais pelo mundo: a ascensão da intolerância. Seja nas manifestações cotidianas de xenofobia, racismo e outras formas de preconceito, seja no apoio a candidatos (algumas vezes efetivamente eleitos) com discursos de ódio e propostas anti-imigração, o problema tem se manifestado recorrentemente.


Assim, temos falhado (especialmente com relação às minorias) em garantir o respeito que cada pessoa merece simplesmente por ser uma pessoa. De fato, esse respeito é a primeira condição para uma vida digna e, portanto, sua necessidade é inquestionável. Entretanto, apenas tolerar a diferença, por mais que garanta a sobrevivência das minorias no curto prazo, não é suficiente para impedir o mesmo problema de se manifestar novamente em um futuro próximo. Tolerar, conforme o dicionário online Michaelis, significa “aguentar algo com conformação e paciência; aceitar”. O desgosto pelo diferente continua e, mais cedo ou mais tarde, tem tudo para voltar à tona.


Desse modo, uma solução mais definitiva deve ir além do respeito, lançando um novo olhar sobre a diferença. É necessário não apenas aguentar a diversidade, não somente aceitá-la como uma característica alheia, mas valorizá-la enquanto aspecto da sociedade (celebrando as peculiaridades de cada sujeito por contribuírem para a construção de um todo mais diverso). Essa é a melhor forma de integrar definitivamente as minorias políticas em uma comunidade. Além do mais, existem bons motivos para que a diversidade seja celebrada.


Primeiramente, há um motivo biológico: quanto maior é a diversidade de um grupo ou espécie, maiores são as possibilidades de sobrevivência a um evento catastrófico de escala global (embora as hollywoodianas quedas de asteroides e invasões alienígenas sejam improváveis, outras formas de catástrofe, como epidemias globais, são factíveis no mundo de hoje). Dessa forma, são as diferenças genéticas, de cor e de etnia, dentre outras, que podem salvar nossa pele um dia.


Além disso, há um motivo cultural e político: a diversidade tem uma relação direta com a liberdade. Quanto mais diverso é o meio em que vivemos, mais formas temos de reagir a ele (gerando uma multiplicação nas possibilidades de formas de vida). Isso significa que a existência do diferente traz uma ampliação na capacidade humana de fazer as coisas (em outras palavras, na liberdade), dando-nos mais opções de modos de ser, de agir, de se divertir, de se relacionar consigo mesmo e com as outras pessoas, de interagir com o mundo, de desejar e de construir novas realidades.


Então, seja por empatia, seja pelas suas contribuições para a sociedade, a valorização da diversidade é o caminho. Feliz será a comunidade que souber fazer as melhores escolhas políticas para valorizá-la – uma pena que grande parte do mundo hoje esteja seguindo exatamente o caminho oposto.

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Nomi e Amanita, casal de personagens da série Sense 8. Créditos: página 'Sense 8' no Facebook

 
 
 

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