Por que ser radical?
- Igor Ferreira
- Aug 19, 2018
- 2 min read
Igor Ferreira
Somos acostumados a entender a palavra "radical" de forma negativa. Muitas vezes, associamos o radicalismo ao extremismo e à falta de racionalidade. Ser radical é entendido como ser limitado, dar voz demais às paixões e não enxergar as coisas de um modo completo.
Em uma sociedade fortemente influenciada pelo período da modernidade, no qual a virtude é associada ao meio-termo (visão aristotélica que representa uma das poucas coisas que vi na matéria de Filosofia em meu Ensino Médio) e a racionalidade é associada à ponderação, não causa espanto que pensamentos extremos sejam tão mal vistos. Identificado com esse extremismo, o pensador radical se torna o terror do homem racional moderno.
Mas afinal, o que é ser radical? O termo "radical" vem de “radix”, palavra latina para "raiz". Isso significa que ser radical é nada mais, nada menos, que ir à raiz das questões. Fazer reflexões profundas, colocando em questão as bases e fundamentos por trás de um pensamento, de uma cultura ou de uma sociedade. Acontece que colocar essas bases e fundamentos em questão nos mostra que eles poderiam ser diferentes. Assim, nasce um desejo por mudanças sociais profundas, pela alteração daquilo que entendemos como mais básico, o chão sob o qual se constroem as paredes de nossa sociedade.
Esse desejo por mudanças profundas, evidentemente, é interpretado pelo homem moderno como uma forma de pensamento extremista, portanto indesejável em sua visão. De fato, as mudanças propostas podem ser bruscas e impactantes. Mas isso não é um sinal de que são propostas apaixonadas, limitadas ou irracionais. Ao contrário, são fruto de um pensamento mais profundo do que costumamos ter normalmente, uma visão mais completa, considerando e criticando mais aspectos da nossa sociedade e cultura. Ser radical não é enxergar apenas um lado da moeda, é se dispor a perseguir a moeda em sua queda até o fundo do poço para ver alguns de seus aspectos que comumente não vemos.
Muito bom, Igor! Gostei do seu ponto de vista, eu nunca tinha pensado por esse lado.